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Esse ano resolvi ser abusada. Em vez de lançar uma lista com as coisas legais que vi em 2023, resolvi criar um PRÊMIO. E chamar jurados com extremo bom gosto para arte: meus apoiadores, a.k.a. Valekers.
Essa ideia me ocorreu muito naturalmente pelo clima gostoso de troca de indicações que sempre rola no grupo dos meus apoiadores. É tão parte integrante da cultura Valeker que eles até criaram figurinhas para distribuir o Selo Valeker de Qualidade quando aprovam alguma obra. Também temos um selo para atribuir a obras que sejam verdadeiras BOMBAS — e não temos medo de usá-lo!
Todas as obras que você vai ver aqui foram indicadas e eleitas pelos Valekers. Eu só criei as regras (que eles tentaram flexibilizar a todo custo, quando não reclamavam da falta de uma categoria "Crush Imaginário do Ano". Ai, ai. Próximo ano vou contratar uma equipe jurídica, me aguardem).
Os jurados puderam indicar livremente as melhores obras na opinião de cada um, podendo ser de qualquer idioma, desde que lançados entre 2022 e 2023, para manter o frescor dessa lista. As obras mais indicadas de cada categoria ganharam. Nos casos de empate, abri uma rodada de votação para definir a obra vencedora. A maior vitoriosa desse prêmio é, sem dúvidas, a democracia. Com um tiquinho de lobby incluso.
As obras vencedoras levam o tão desejado e precioso Selo Valeker de Qualidade™. Sinto dizer aos ganhadores que não, esse prêmio não envolve dinheiro. Mas espera só quando um dos Valekers ganhar na loteria e esse prêmio for apresentado diretamente de um cruzeiro em alto-mar.
Esse prêmio foi uma forma de criar uma lista coletiva de indicações que marcaram o ano e acaba sendo um bom raio-X das referências e preferências que habitam a cabeça dos meus leitores mais chegados. E tinha tanta coisa boa na lista que não resisti e trouxe uma indicação extra para cada categoria.
Pode ser que você descubra aqui obras que vai se interessar em ler/ouvir/assistir depois. Pode ser que você encontre obras que também te conquistaram este ano. Ou pode ser que você não concorde de forma alguma com os vencedores que apresento a seguir. O choro é livre nos comentários!
Todo prêmio que se preze tende a deixar mais pessoas insatisfeitas com o resultado do que felizes. Kanye West e aquele maluco rasgando notas na apuração de escola de samba que o digam.
Prêmios são um convite à discórdia. Por isso, eu não poderia estar mais feliz em anunciar os vencedores.
E o prêmio vai para...
Melhor HQ
"Obrigada, foi um transtorno!", Cecília Ramos
Indicada por Aline Coelho e Jaqueline Ferraz, e com 55% dos votos dos jurados na rodada de desempate, a HQ independente que reúne as melhores tirinhas da @cartumante abre a nossa premiação com muito estilo e zoeira, o jeitinho Valeker de ser.
"As tirinhas da Cecília são inteligentes e parte são exageradas, mas com o humor negro que adoramos"
— Aline Coelho
Menção honrosa: "O segredo da força sobre-humana", Alison Bechdel (tradução de Carol Bensimon), indicado por Bárbara Bom Ângelo e Anna Carolina Ramos. Nesta HQ, Alison traz sua perspectiva sobre exercícios físicos e cultura fitness, com sua ironia, inteligência e traços marcantes que conhecemos de obras incríveis como "Fun Home" e "Você é minha mãe?".
Melhor livro de não-ficção
"Sem tempo a perder: reflexões sobre o que realmente importa", Ursula K. Le Guin (tradução de Juliana Fausto)
Indicado por Carla Guerson e votado por 26,4% dos jurados na rodada de desempate, este livro traz ensaios que a nossa mestra da ficção especulativa publicou originalmente em seu blog, abordando temas de suma importância para a humanidade, como amar e envelhecer.
Menção honrosa: "Latim em pó", de Caetano W. Galindo. Indicação de Bárbara Bom Ângelo, o livro traz a língua portuguesa como protagonista e conta a história de suas origens, para levar o leitor a pensar no uso que faz do idioma no dia a dia. Como se diz lá em Minas, pó pô o pó na sua lista de leitura.
Melhor livro de ficção
"Um garimpeiro, um padre, um médium, um detonador, um guia turístico e eu", Paula Gomes
Mostrando que a literatura insólita brasileira tem sim força e qualidade para estar no topo do pódio de uma categoria literária, o livro de Paula foi eleito o melhor com 22,6% dos votos dos jurados, entre finalistas de peso, de diversos idiomas e gêneros literários.
"O livro é muito gostoso de se ler, divertidíssimo. A história vai te prendendo enquanto vamos descobrindo mais sobre cada um dos personagens descritos no título e sobre a tal cidade da qual ninguém consegue ir embora"
— Márcio Melo
Menção honrosa: "É a Ales", de Jon Fosse, autor ganhador do Nobel 2023 (tradução de Guilherme da Silva Braga). Indicado por Denise Gals: "Gosto dos toques fantásticos, dos fluxos de consciência e memória numa teia que une passado e presente de uma forma fascinante. E aquela pegada sobrenatural é sinistra!"
Melhor livro de poesia
"Caminhos curtos para caracóis", Paula Maria
Sim, temos uma Valeker premiada no Prêmio Valeker, qual o problema? Se seu grupo não está cheio de artistas talentosos, não venha gongar o meu. A poesia da nossa Paula voa, mesmo carregando uma concha nas costas.
"É lindo e foi dona Paula Maria que escreveu, sem mais"
— Luiza Leite
"Fazia muito tempo que eu não dedicava uns minutos lendo poesia e o livro da Paula me fez refletir e viajar"
— Aline Coelho
Menção honrosa: "De uma a outra ilha", de Ana Martins Marques, indicado pela própria vencedora da categoria,
: "o que essa mulher faz é uma obra de arte, quero ser quando crescer."Melhor podcast
"Rádio Novelo Apresenta", apresentação de Branca Vianna
"Histórias insólitas, conexões incríveis entre uma história e outra. Simplesmente o podcast que eu não sabia que precisava ouvir. Até saber."
— Murilo Guilherme
"Adoro a forma como eles trazem reportagens com temas às vezes aparentemente sem muita ligação, mas que na verdade possuem uma estranha ligação entre os assuntos. É cada história mais curiosa que a outra."
— Márcio Melo
Menção honrosa: "Projeto Humanos: O Caso Leandro Bossi", apresentado por Ivan Mizanzuk. Indicado por Maria Celina (que justificou o voto com: "infelizmente eu sou do true crime") e pelo Elvis Rodrigues: "incrivelmente superou as duas temporadas anteriores. O Ivan está afiadíssimo."
Melhor música
Em uma categoria que tinha tudo para empatar com cada jurado trazendo uma indicação diferente, a Miley Cyrus veio com tudo subindo a ladeira de salto alto e vestido dourado, com uma forcinha da
, que desempatou o jogo no último minuto!"A mesma Miley, mandando recado desaforado pra ex-marido babaca"
— Elaine Resende
Menção honrosa: "Que tal um samba?", Chico Buarque e Hamilton de Holanda, porque o samba esteve em alta nas listas dos jurados. Indicação de Laércio Coelho: "É bom ver uma composição nova de um artista desses, ainda mais com essa vibração, com a força do bandolim de Hamilton de Holanda".
Melhor álbum musical
"Xande canta Caetano", Xande de Pilares
Xande de Pilares faz belíssimas reinterpretações de clássicos do Caetano Veloso em ritmo de samba. Um álbum que levou Caetano às lágrimas e deixou os jurados arrepiados e sem palavras. No grupo, Luiz e Bito deixaram comentários do tipo: "Jesus amado, esse álbum", "isso é ouro" e "pqp! Eu amei!"
Menção honrosa: "Admirável Chip Novo (RE) Ativado", da Pitty, indicado por Aline Coelho: "Álbum de comemoração do aniversário dos 20 anos de Admirável Chip Novo. Pitty chamou vários artistas para gravar as músicas em suas próprias versões, Emicida cantando 'Teto de Vidro', Ney Matogrosso cantando 'Máscara' e Céu cantando 'Emboscada' são um lindo exemplo."
Melhor animação
"Homem-Aranha: através do Aranhaverso", direção de Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson
Recordista absoluto de indicações entre todas as categorias, a mais nova aventura do nosso amigo Miles Morales acumulou indicações de sete jurados! Não foi possível apurar quantos deles são Homem-Aranha em algum multiverso.
"Já não acompanho mais filme de boneco e Marvel e afins, mas Spiderverse é uma exceção muito bem-vinda. É de longe a melhor adaptação possível de um quadrinho."
— Márcio Melo
"Quando reúne os diversos aranhas, cada qual tem seu traço respeitado"
— Elaine Resende
"Conseguiu superar o primeiro. Igual na criatividade, superior na história."
— Elvis Rodrigues
Menção honrosa: "Nimona", direção de Nick Bruno e Troy Quane, adaptado da maravilhosa HQ de ND Stevenson. Filme indicado pela Jaqueline Ferraz e Aline Coelho, que escreveu: "Quanto menos souber da animação antes de assisti-la, melhor. Fala principalmente sobre inclusão, sobre o menino pobre alçado a classes maiores e sobre seguir cegamente uma história ou um movimento cultural."
Melhor documentário/série documental
"Vale o escrito: a guerra do jogo do bicho", direção de Fellipe Awi, Ricardo Calil e Gian Carlo Bellotti
Indicado pelas juradas Anna Carolina Ramos e Carolina Rodrigues, a série documental da Globoplay explora as vísceras de uma tradicional instituição brasileira: famílias que comandam o crime organizado no Rio de Janeiro.
Menção honrosa: "A Super Fantástica História do Balão", indicação de
, mira pesado na nostalgia. A série documental trata de outra instituição brasileira, o Balão Mágico, e traz os ex-integrantes do grupo mirim nos dias de hoje, para falar de seus dias de glória e de trauma.Melhor filme
"Barbie", direção de Greta Gerwig
Esse filme conseguiu transformar uma boneca de plástico e uma overdose de rosa em um acontecimento. É a vitória do deboche, da nostalgia e do Ken com a melhor profissão: praia.
"Não é tanto pelo filme, mas por ver tantas mulheres empolgadas em curtir algo juntas (precisamos de mais união e menos competitividade vazia entre mulheres, isso é poderoso e transformador)"
— Samara Almeida
"Foi divertido para caramba"
— Luiza Leite
Menção honrosa: "Retratos fantasmas", direção de Kléber Mendonça Filho, porque o cinema nacional merece ser enaltecido, sobretudo em um filme-documentário emocionante sobre os cinemas de rua de Recife. Indicação de Paula Maria e Anna Carolina Ramos.
Melhor série
"The Bear", criado por Christopher Storer
A safra de 2022 e 2023 está cheia de séries sensacionais e icônicas para mencionar. Mesmo assim, não teve para ninguém: "The Bear" foi a queridinha dos Valekers, com quatro indicações — e vamos fingir que o Jeremy Allen não teve nada a ver com isso.
"Quando uma obra te faz ficar nervoso de suar a testa com um personagem entregando uma pizza na mesa do cliente, não temos o que debater sobre concorrência"
— Murilo Guilherme
Menção honrosa: "Atlanta", criado por Donald Glover, que teve sua última temporada exibida no Brasil este ano. Indicação da Van Magenta: "Amei que a cada temporada foi ficando mais surreal, e essa fechou com chave de ouro. Paper Boi estará sempre em meu coração."
Melhor jogo
Com uma margem tão apertada quanto o segundo turno das eleições presidenciais em 2022, o jogo indicado pela
garantiu o prêmio com 37,7% dos votos dos jurados. No grupo, a Giseli declarou: "bem que eu queria um Nintendo Switch para jogar esse Zelda!". Eu também, Giseli, eu também.Menção honrosa: Novorizontino 1 x 2 Vitória, da série B do Campeonato Brasileiro. Ok, não se enquadra na categoria, mas a indicação do
me fez rir: "foi o jogo que não só confirmou o acesso para a série A do Brasileirão como também sacramentou o primeiro título nacional do meu clube que estava há 124 anos esperando por esse momento."Melhor rede social
Meu lado ditador não aguentou e criou uma categoria de última hora para dar pelo menos um prêmio totalmente por minha conta.
"Em tempos em que as redes sociais causam tanto desgraçamento mental, é preciso reconhecer onde ainda existe possibilidade de conversas enriquecedoras e verdadeiras conexões, e esse lugar é o grupo dos Valekers. Por que choras, Elon Musk?"
— Aline Valek
Essa edição também é minha forma de enaltecer e agradecer essas pessoas maravilhosas que acreditam no meu trabalho e que me apoiam de tantas formas diferentes. Além de financiarem meu trabalho, me incentivam, me fazem companhia e me alimentam de boas referências e fofocas; tudo o que é necessário para escrever melhor.
As pessoas que me apoiam me permitem ir muito mais longe. Para você ter uma ideia, 2023 foi o ano em que eu consegui escrever mais edições desta newsletter (pelo menos desde 2017, quando ela deixou de ser Bobagens Imperdíveis e passou a ser Uma palavra): foram 28 edições! Quando eu digo que esse apoio faz MUITA diferença na minha produção, não é só modo de dizer. É um impacto real.
Muito muito obrigada por continuarem comigo.
Se você quer fazer parte desta turma e, quem sabe, influenciar o resultado do prêmio ano que vem, fica aqui o convite para me apoiar: você pode fazer isso pelo Apoia-se ou pelo Substack. Além de acesso a vários extras do Valekverso, você também tem acesso a esse grupo riquíssimo de referências legais.
Só não se esqueça de deixar 3 figurinhas como oferenda quando entrar. Como você viu nessa edição, lá levamos figurinhas MUITO a sério.
Me conta quais são as obras vencedoras na SUA lista de melhores do ano?
Por esse ano é só, pessoal.
Boas festas, bom descanso e até 2024!
Um beijo,
adorei ver o livro da Paula Gomes indicado aqui porque lembrei muito dele quando li Cidades afundam em dias normais esse ano <3
Faltou a melhor newsletter... Que é a sua, no caso. 🧡