Amigo me pergunta se estou acompanhando a briga entre Drake e Kendrick Lamar e digo que sim, iludida, só para descobrir que perdi vários capítulos da novela, que estou atrasada, que muita coisa aconteceu desde que o J. Cole se arrependeu de entrar na treta, tirou sua música do ar e pediu desculpas bem fininhas pro Kendrick na frente de todo mundo.
Difícil acompanhar a velocidade de rappers milionários trocando farpas e acusações via canções. Nada como possuir enormes quantias de dinheiro e muito rancor no coração para fazer um artista produzir rápido feito o diabo. É piscar os olhos e tem mais três músicas novas, cada uma sendo um mil-folhas de insultos tão cheio de nuances que bendito seja o Genius por explicar, por exemplo, que a capa de Push-ups é uma forma do Drake chamar o adversário de nanico.
Baixaria é uma palavra que resume bem essa história, embora até o momento os rappers rivais estejam trocando disses, em vez de socos ou tiros. Diss é como no rap se chama uma música endereçada a um desafeto, com o objetivo de fazê-lo chorar. O nome vem da palavra disrespect. Não, diss não vem de "disse-me-disse", embora seja uma modalidade musical que sirva porções generosas de fofocas, intrigas e discórdia.
A cultura da diss ganhou popularidade na cena hip hop dos Estados Unidos nos anos 80, mas é bem provável que a primeira diss da história da música tenha sido feita por um brasileiro, no território do samba.