Falamos de gente de outras gerações como se fossem habitantes de um outro país. São pessoas que falam palavras que não entendemos, têm outras referências culturais, carregam costumes que podem parecer exóticos e viveram guerras diferentes das nossas. O contato com alguém de outra geração, não importa se mais velha ou se mais nova, é sempre um encontro com alguém do outro lado de uma fronteira. Às vezes damos risada das suas roupas e do seu jeito de falar e até mesmo os culpamos pelos males do mundo. Mas se olharmos mais a fundo, vamos perceber que essencialmente somos muito parecidos.
Veio ao meu conhecimento o que o povo anda inventando para lá da fronteira que se convencionou chamar Gen Z. A onda agora (ou melhor, como dizem por lá, trend) é ser Delulu. Óbvio que vou atrás para descobrir do que se trata. Uma nova raça de cachorro? O termo vem da palavra delusional e indica alguém que tem uma autoconfiança delirante. Ser Delulu é, portanto, um estilo de vida que consiste em se desligar completamente da realidade ao acreditar que tudo vai dar certo, que todos os seus desejos serão realizados, que coisas boas vão acontecer se você pensar positivo, e as merdas que acontecem no caminho são, na verdade, o adubo para o cenário florido que você imagina para a sua vida.
Ainda que o otimismo seja um conceito alienígena para uma hiena depressiva como eu, consigo entender por que aderir a esse estilo de vida. Claro, acreditar em si mesmo tem lá seus benefícios (dizem), mas estava pensando mais na parte de se descolar da realidade. É o que venho tentando fazer a minha vida inteira! A realidade tem uma cara horrível, desconfio é de quem não queira se soltar dela.