Pois pronto, Aline! Sempre que eu reler "Capitu conta Capitu", de Domício Proença Filho, vou reler, ao fim, tua carta, pois ela, sem dúvidas, fez de Dom Casmurro um universo ainda maior, ainda mais complexo, ainda mais instigante.
Nunca tinha pensado por esse lado. Mas realmente... é comum que o "criminoso" aponte o dedo do crime pra outra pessoa. Eu já votava na inocência da Capitu, mas agora consigo ver de onde viria o ciúme de Bentinho.
Excelente teoria! Também acho que o Machado tá feliz do além-vida. Mas a real é que eu sempre pensei que o Bentinho era todo errado... A Capitu o amava. Isso é claro, não tem como duvidar. Todo o resto é irrelevante, e ele um tonto de não sacar isso.
Saudade de quando a literatura brasileira era esse exercício de psicanálise de comadre de subúrbio carioca. O fim ou a fuga da culpa e a atribuição do desejo a terceiros são os elementos nacionais o que tem tornado nossas histórias tão menos divertidas.
Bentinho somos nozes! :O , Aline. Meu romance preferido do Machado acaba de ganhar mais uma camada. Obrigado por essa interpretação de dom casmurro que girou um parafuso aqui na minha cabeça.
Nossa, Aline, adorei não só o teor da sua análise como a forma que você escolheu compartilhá-la conosco. Golpe de gênio, como de costume com você, né ❤
eu nunca li Dom Casmurro, li o primeiro parágrafo desse texto e deu vontade de começar a ler, Aline, seus textos/podcasts, têm esse dom de despertar em mim a vontade de buscar saber a fundo sobre o que você escreve e no final, quase todas as vezes, eu acabo concordando com o que você diz, mas é feliz que surja o desejo de saber mais antes de formar uma opinião própria, desejo de pesquisar e ficar tão empolgada quanto você parece estar enquanto escrevia essas coisas fortes e lindas. Acho que é isso que acontece quando alguém faz o que acredita de verdade . Obrigada
se alguém resolver ler Dom Casmurro por causa desse texto vou sentir que cumpri meu trabalho! é uma satisfação imensa poder conduzir outras pessoas para o que mexeu tanto comigo :) Obrigada pelo comentário <3
seu texto me tocou de uma forma muito incrível. já retornei para reler ele várias vezes hoje. acho que principalmente pelas coisas que escondemos nas entrelinhas ... me vejo muito nesse espaço. pareço estar quase sempre me comunicando e me expressando pelas sombras, e não necessariamente pelo conteúdo. acho que frequentemente me falta a coragem de dizer o que sinto e o quero, me é mais fácil andar pelas bordas do desejo.
eu sempre tive uma leitura bem diferente do dom casmurro. e sempre achei triste como a maioria das pessoas apenas olham essa obra pela perspectiva da traição, sendo que há um emaranhado psicossocial incrível espalhado pelas páginas.
sua leitura e perspectiva desse emaranhado me encantou muito. acho que é uma bela leitura de bentinho, de mim, e de muitos de nós, que ainda lutamos para assumir (ou mais frequentemente esconder) as nossas questões.
Sim, esse romance puxa tantos assuntos interessantes e pode ser lido de tantos prismas diferentes! Acho que resumi-lo à ambiguidade da suposta traição acaba revelando muito de quem lê assim. Mexe muito com a culpa pelos segredos que muitos de nós carregam...
Imagino que ele te responderia com um singelo e breve:
"Muito grato.
Daquele que tu sabes teu,
o Autor."
Um texto como esse é a evidência viva de que a literatura, como diria o grande Aris Fioretos, engendra, com suas frases sequenciadas em páginas, uma consciência maior que a nossa consciência individual. E essa mente maior que a nossa ensina-nos algo de nós mesmos que, se sabíamos, não estávamos cientes de sabê-lo. Como Ralph Waldo Emerson definiria: "em cada obra de gênio, reconhecemos nossos próprios pensamentos rejeitados: retornam-nos com certa majestade alheia" [in every work of genius, we recognize our own rejected thoughts: they come back to us with a certain alienated majesty]. E é bem isso mesmo, não abarcamos Bento "Bentinho" Santiago, senão ele abarca-nos a nós, somos (e demonstra-o o início de tua carta narrando os debates anuais) um efeito de Dom Casmurro. Portanto, (re)ler o romance será sempre enriquecer-nos.
Pois pronto, Aline! Sempre que eu reler "Capitu conta Capitu", de Domício Proença Filho, vou reler, ao fim, tua carta, pois ela, sem dúvidas, fez de Dom Casmurro um universo ainda maior, ainda mais complexo, ainda mais instigante.
Uma das melhores newsletters e interpretações que já li. Estupenda!
Nunca tinha pensado por esse lado. Mas realmente... é comum que o "criminoso" aponte o dedo do crime pra outra pessoa. Eu já votava na inocência da Capitu, mas agora consigo ver de onde viria o ciúme de Bentinho.
Excelente teoria! Também acho que o Machado tá feliz do além-vida. Mas a real é que eu sempre pensei que o Bentinho era todo errado... A Capitu o amava. Isso é claro, não tem como duvidar. Todo o resto é irrelevante, e ele um tonto de não sacar isso.
Eu imagino Machado de Assis, onde quer que ele esteja agora, feliz e pensando assim "finalmente alguém leu meu livro"
Saudade de quando a literatura brasileira era esse exercício de psicanálise de comadre de subúrbio carioca. O fim ou a fuga da culpa e a atribuição do desejo a terceiros são os elementos nacionais o que tem tornado nossas histórias tão menos divertidas.
O tanto que eu ri de "psicanálise de comadre de subúrbio" hahaha
moça..
Bentinho somos nozes! :O , Aline. Meu romance preferido do Machado acaba de ganhar mais uma camada. Obrigado por essa interpretação de dom casmurro que girou um parafuso aqui na minha cabeça.
Esse livro é genial
Nossa, Aline, adorei não só o teor da sua análise como a forma que você escolheu compartilhá-la conosco. Golpe de gênio, como de costume com você, né ❤
Eitaaa, muito obrigada <3
Aline, sua maravilhosa ♡♡♡ esse é o texto e a análise mais interessante que eu já li sobre Dom Casmurro!!!
eu nunca li Dom Casmurro, li o primeiro parágrafo desse texto e deu vontade de começar a ler, Aline, seus textos/podcasts, têm esse dom de despertar em mim a vontade de buscar saber a fundo sobre o que você escreve e no final, quase todas as vezes, eu acabo concordando com o que você diz, mas é feliz que surja o desejo de saber mais antes de formar uma opinião própria, desejo de pesquisar e ficar tão empolgada quanto você parece estar enquanto escrevia essas coisas fortes e lindas. Acho que é isso que acontece quando alguém faz o que acredita de verdade . Obrigada
se alguém resolver ler Dom Casmurro por causa desse texto vou sentir que cumpri meu trabalho! é uma satisfação imensa poder conduzir outras pessoas para o que mexeu tanto comigo :) Obrigada pelo comentário <3
aline,
seu texto me tocou de uma forma muito incrível. já retornei para reler ele várias vezes hoje. acho que principalmente pelas coisas que escondemos nas entrelinhas ... me vejo muito nesse espaço. pareço estar quase sempre me comunicando e me expressando pelas sombras, e não necessariamente pelo conteúdo. acho que frequentemente me falta a coragem de dizer o que sinto e o quero, me é mais fácil andar pelas bordas do desejo.
eu sempre tive uma leitura bem diferente do dom casmurro. e sempre achei triste como a maioria das pessoas apenas olham essa obra pela perspectiva da traição, sendo que há um emaranhado psicossocial incrível espalhado pelas páginas.
sua leitura e perspectiva desse emaranhado me encantou muito. acho que é uma bela leitura de bentinho, de mim, e de muitos de nós, que ainda lutamos para assumir (ou mais frequentemente esconder) as nossas questões.
agradeço pelo texto,
aron.
Sim, esse romance puxa tantos assuntos interessantes e pode ser lido de tantos prismas diferentes! Acho que resumi-lo à ambiguidade da suposta traição acaba revelando muito de quem lê assim. Mexe muito com a culpa pelos segredos que muitos de nós carregam...
Obrigada pela leitura!
essa edição poderia fazer parte dos livros escolares, texto lúdico e instigante para incentivar novos leitores desse clássico. parabéns!
Uau, obrigada por isso!
Imagino que ele te responderia com um singelo e breve:
"Muito grato.
Daquele que tu sabes teu,
o Autor."
Um texto como esse é a evidência viva de que a literatura, como diria o grande Aris Fioretos, engendra, com suas frases sequenciadas em páginas, uma consciência maior que a nossa consciência individual. E essa mente maior que a nossa ensina-nos algo de nós mesmos que, se sabíamos, não estávamos cientes de sabê-lo. Como Ralph Waldo Emerson definiria: "em cada obra de gênio, reconhecemos nossos próprios pensamentos rejeitados: retornam-nos com certa majestade alheia" [in every work of genius, we recognize our own rejected thoughts: they come back to us with a certain alienated majesty]. E é bem isso mesmo, não abarcamos Bento "Bentinho" Santiago, senão ele abarca-nos a nós, somos (e demonstra-o o início de tua carta narrando os debates anuais) um efeito de Dom Casmurro. Portanto, (re)ler o romance será sempre enriquecer-nos.
Que comentário bonito! Muito obrigada por trazer esse pensamento sobre a obra do gênio, adorei!
Aline, nunca li o livro, e acho difícil que ele me envolva mais que esse texto. Que coisa linda, parabéns.
Vou dar uma chance ao livro rsrs
Olha, posso te garantir que é um livro BEM envolvente! Fiquei agarrada e não soltei até terminar. Tenho certeza que você vai curtir a leitura :)
Aline, esse texto está demais! É a análise mais bacana de Dom Casmurro que vi ultimamente.
Agora estou me achando, Ariela! Hahaha, obrigada pelo comentário <3
Faz bem em se achar, vc é maravilhosa!!!