Nem sempre estou olhando para o que é agradável ou bonito. Na edição dessa semana vou te mostrar algumas leituras e indicações que me lançaram no desconforto, sobre temas que me incomodam ou me embalam no gostoso desespero de saber que nada de bom pode vir dessa história. Espero que aprecie se incomodar junto comigo nessa piscininha de angústias! Se preferir dar uma olhada nas minhas entranhas, você pode ler o texto da semana passada, Atmosfera de uma tonelada.
Amor de fã
Dre é uma das fãs mais devotas de Ni'jah, uma cantora pop com uma enorme "comunidade" de fãs que a veneram.
Ni'jah é quase uma deusa: absoluta, enfeitiçante, com o poder de inspirar e salvar vidas. Dre é uma casca vazia, um mero receptáculo. Depois de perder tudo o que tinha de mais importante, ela preenche esse buraco defendendo sua ídola de qualquer um que ouse criticá-la no Twitter.
Ela começa a ficar viciada em cancelar haters, usando um método, digamos, mais brutal. Dre não consegue parar, nem tenta. É viciante experimentar esse gozo que vem na forma de se encher de Ni'jah — e do sangue que Dre derrama em nome de sua diva.
"Este não é um trabalho de ficção. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais, é intencional": é assim que começa cada episódio da série Swarm, criada e dirigida pelo meu queridinho Donald Glover, dando uma pista de que estamos diante de uma história que reflete a relação macabra que criamos com as celebridades.