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jan 9, 2022Curtido por Aline Valek

Adorei que o sonho combinou com a parte sobre entender e aceitar as mudanças que tomam conta da gente. Me fez pensar na tradicional convenção da água simbolizar emoção, a imagem do mar embalado por plástico como o "tudo sob controle" que gostamos pensar exercer. Mas o plástico está se rompendo, o tsunami está se formando e seu eu onírico resolve lidar com aquilo ficando parada esperando a onda vir, não há nada a fazer, você não sabe nadar e fugir é inútil. Assim como quando as mudanças começam a fazer mar bravo dentro da gente.

Me faz também lembrar dos sonhos onde me entrego a algum fim iminente da vez. A sensação de esperar ele vir, quando me atinge e depois me sentindo desintegrar, como se eu abandonasse a casca e virasse pó. Assustador, mas também enxergo certa beleza. Quando chegar a hora, descubro se é assim mesmo.

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Essa interpretação foi maravilhosa. O plástico como a ilusão de que está tudo sob controle, contido. Mas não está. Agora pensando nesse apocalipse como um fim do mundo interno, que se encerra para outro começar. Uma mudança pesada operando no inconsciente e eu assistindo, esperando ser tomada por ela?

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jan 8, 2022·editado jan 8, 2022Curtido por Aline Valek

Também sonhei com fim do mundo recentemente, mas comigo sempre é um modo diferente. Desta vez foi terremoto. Eu estava dentro de um apartamento num andar alto e comecei a ver da janela que os prédios ao redor estavam se mexendo como se alguma coisa estivesse passando por debaixo deles. As coisas numa prateleira próxima começaram a se mexer e apoiei a mão nela para estabilizá-la. Olhei para o meu marido, que estava sentado numa poltrona lendo e que olhou para mim bem quando senti o chão inclinar. Também vem essa mesma sensação de ah, é assim que acaba.

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jan 10, 2022Curtido por Aline Valek

Nunca sonhei com o fim do mundo ou não me lembro. Mar para mim é um misto de medo e deslumbramento. Dia 29/12 eu tava na praia, um silêncio de caixas de som (milagre das praias pequenas), abri meu almanaque de férias da vez - a Puñado nova - abri numa página aleatória e era o texto do Margarita Garcia Robayo, o Oceano. Copio aqui o que mais achei lindo:

"Apenas a presença dele, eu sei, consegue me perturbar e me comover em proporções similares. Passei a vida tentando atribuir ao mar algum papel fundador em meu constante ir e vir. Passei horas olhando ondas que se diluem na margem, vorazes, para então afastar-se, deixando como único rastro sua baba furiosa. Para outras pessoas será a selva, os pampas, o deserto, o céu estrelado, a estrada coberta de carros e outdoors vistos de uma pequena sacada. No meu caso, o mar é o território que me impele a questionar o sentido das coisas. Que coisas? Todas. Quanta estupidez. Como se a geografia fosse algo além de uma marca imaginária na terra, uma linha que se fecha e nos contém sob a premissa falsa de pertencer. Talvez seja isso: que qualquer traço na terra, embora imaginário, se apague quando a água o toca. A proximidade do mar é garantia de bordas inconclusas, abertas frente à imensidão, e de elementos expectantes ante um horizonte cheio de promessas."

Tudo a ver como que você escreveu. Serendipidade ou paisagens leitoras?

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Que trecho foda. Obrigada por isso

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jan 8, 2022Curtido por Aline Valek

Queria te ajudar com uma resposta decente ao seu sonho, mas a onda gigante de covid que te acertou me acertou tb, então estamos nadando no mesmo tsunami...

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Que merda, Elaine! Que se recupere bem e logo!

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Aline há algumas semanas minhas memórias tem te convidado para um chá. Eu li seu livro "cidades afundam em dias normais" no início do ano passado. Mas foi nas últimas semanas que eu tenho pensado bastante nele. E eis que tive um sonho muito parecido com o seu. Também estava com febre ( gripe ou covid, ou dengue?) Só que no meu sonho eu estava em uma casa, com a família era noite de natal. E a água invade tudo e leva tudo embora. Tudo se apaga e eu acordo. Também tenho tentado entender o que significa. Existe tanta beleza na palavra, nos sonhos, nessas coincidências meio estranhas. E ao mesmo tempo um tanto de conforto em saber que temos, talvez, compartilhado os mesmos sentimentos e perguntas. O que vem depois que as coisas se acabam? A gente nasce de novo?

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eu gostei muito do meme da persona do ano (não foi bem um meme, mais um assunto recorrente na timeline) pq acho interessante como a gente consegue fingir que uma imagem (ex: a audrey hepburn com o gato na janela em breakfast ao tiffanys) carregue todas as nossas expectativas estético-existenciais. mas eu não achei a minha.

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o sonho pode significar uma avalanche do desconhecido catapulta do por esses anos de pandemia

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Não sonhei com o fim do mundo, mas magenta tem sido uma cor frequente em meus sonhos. O céu, a poeira, as coisas em geral nos meus sonhos estão magenta. Será esta a cor do ano? Será esta a cor do fim do mundo?

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Meu sonho de fim de mundo mais recorrente é parecido com o seu. Estou nadando numa piscina, no alto de um penhasco, cuja parede para o precipício é transparente. Aí vejo, de dentro da água, com cores azuis, que lá embaixo tem uma cidade, uma metrópole, e uma onda gigante a inunda. Isso eu sonho desde pequena, muito antes de sabermos que existem tsunamis e que esse é o nome que se dá a eles. É desesperador e não nego, interessante de assistir. ;)

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